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INDECIFRÁVEL AMOR
Como poder desvendá-lo, ó grande amor, se os meus sentidos inebriados estão de embevecimento?
Como explicar a sua etérea pujança, em face desse encantamento perfeitamente entranhado em mim?
Como sabê-lo perene, total, intimamente afeito ao seu langor, se a eloquência com que se travestes inquieta-me a alma?
Estou entregue ao seu poder, totalmente despojada de mim
Envolta em sentimentos tépidos, contraditórios, fugidios
És tu, apontando para esse doce abismo, essa insólita peregrinação
Se ora me acalentas, se ora me afliges, também me transbordas
Ó amor, o seu mistério me sonda, a sua desejada presença me confunde, o seu descortinar me espreita
O seu realismo me desnorteia, a sua instabilidade me estonteia
Transitas entre o êxtase da sua presença e a abissal magnitude da sua ausência
Ah, o amor, esse deslumbre, essa contemplação da da alma, esse ermo sentimento…
Tão intenso, denso, imenso
Tão colossal, infernal, essencial
Tão inquietante, inflamante, extasiante
Suspensa em sua bruma, deixo-me levar
Deslumbrada, eivada, plena
Inquieta, arrebatada, sigo esse sentimento desconexo
O amor é loucura, paz, transcendência
Enunciação, busca, desdobramento
Descortínio pretendido, interação corpo, alma, emoção
Encerra, também, um paradoxo constante
Por vezes sendo chama, outras sendo bálsamo
É frio, quente, vazio, pleno
Lágrimas, sorrisos, doce veneno, incompleta solidão
Que sentimento é esse?
Que pretensão dissemina enquanto manifestação da sensibilidade, da íntima inquietude com que se converte?
Amor, amor…
Sentimento oportuno, inoportuno, viés de infortúnio
Desejado, disfarçado, de todas as cores, de todas as dores
Quanto mais me esquivo das suas artimanhas, mais me enredo em suas teias sedutoras, em seus insistentes desatinos
Perco-me, reservo-me, deleito-me em sua inconstância ardente
Sua estranha magia se me apresenta com uma conotação de pecado
Sua volúpia murmurante insufla a ardência do meu coração
Que palpitante, adentra esse calor, esse instante eterno, efêmero em sua dolência, mágico em sua essência.
Parece dor, furor, temor, mas é o amor!
(LUZINETE TÔRRES)
1 Comentário para “INDECIFRÁVEL AMOR – por Luzinete Tôrres (Outros Autores)”
Obrigada querida amiga!