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DE (ANTE) MÃO

Por Pedro Pio

Antes das letras irem formando
palavras, sentenças, textos,
olho para elas, que são o elo entre
o pensamento e a escrita:
As mãos.
Infinitamente usadas e até abusadas.
Trêmulas,
firmes,
macias,
calejadas,
mãos à obra.
Aperto de mão!
De mãos dadas ou
Mãos ao alto?
Infelizmente, há
mãos que atiram e
que matam!
Mãos unidas: oração
Mãos gesticulando: explicação
Mãos que falam,
que calam, cegam, ensurdecem.
Mãos que fazem,
que sentem,
que protegem.
As mãos que desenham,
esculpem,
costuram,
constroem,
cozinham,
jogam,
dançam,
interpretam,
vestem…despem!
Íntimas, intrusas, atrevidas!
Adornadas com anéis, luvas
ou simplesmente nuas.
Se uma mão lava a outra,
Porque muitos se sujam ao fazer isso?
Talvez seja por isso que muitos
Metem os pés pelas mãos.
Depois, em desespero,
Levam as mãos à cabeça.
Os espertos preferem a
Mão boba.
Há quem passe de mão em mão e
Há quem não abra mão disso!
Nos extremos:
Os mãos de vaca, avarentos e
Os mão aberta, sem lamentos
Na Capela, em lindos afrescos,
as mãos ligam o homem a Deus.
É o toque divino.
Foram as mãos do Artista que assim o fez.
Trabalho individual…
Trabalho a quantos mãos?
Mãos que dominam, que mandam.
Mãos que obedecem, que realizam.
A mão do aceno,
do louvor,
do convite,
do adeus,
do afago,
do cafuné,
do tapa,
do sorriso contido,
do espirro reprimido,
do gesto…obsceno!
Na dificuldade para escrever,
uma mãozinha cai bem!
E em qualquer dificuldade,
quando tudo está na contramão,
então, segura na Mão de Deus e vai!