ANGÚSTIAS OUTONAIS
Por Henrique Pedro
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Nestes dias anormais
divirto-me a esgaravatar raízes de poemas
no húmus humedecido
pelas primeiras chuvas outonais
Agora que a Natureza de novo sorri
verdejante e florida
iludida
travestida de Primavera
quando o longo e frio Inverno
já a espera
Apenas desenterro dilemas
angústias e ansiedade
que exponho ao vento e à chuva
ao sol morno de Outono
Angústias sem razão de ser
dilemas de verdades
ansiedade sem casualidade
Mas nem o sol a seca
nem a chuva as dilui
nem o vento as leva para longe
As aves passam indiferentes
em seus voos sorrateiros
no céu azul
maculado de nuvens
Procuram sementes nos terreiros
e não poemas
dementes
Um ou outro cão ladra
porque o frémito da minha melancolia
lhe fere os tímpanos
e lhes causa frenesia
Ponho-me então a sonhar
para lá da morte
Sonhos que arrastam consigo todos os meus afectos
para espaços mais amplos e abertos
mas nem assim a angústia se dilui
e mais se concentra
Comprovadamente já não fui
que era suposto ser
Resta-me a esperança
de que serei
mais do que tudo que sonhei
Fonte: henriquepedro.blogspot.com.br
Henrique Pedro nasceu em Vale de Salgueiro, concelho de Mirandela, bem no coração da Terra Quente Transmontana, berço da mítica Pátria Celta Luanca, demarcada pelos rios Tua, Tuela e Rabaçal, e outros tributários menores, que fertilizam pomares, vinhas e olivais (…)
Contacto: hacpedro@hotmail.com