POEMA NO AR – Por Benjamim Santos (Outros Autores)

Postado por Rita de Cássia ligado abr 15, 2011 em Outros Autores | 3 Comentários

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POEMA NO AR

 * 

 Meu coração não é bom por natureza  

e não fui preparado para a bondade. 

Os ramos de outono sacodem meus desejos, 

punhais que sangram sangue de oliva. 

Tudo me veio de Portugal sem que eu soubesse

e os telhados que vejo do alto mais alto

é tudo barro arredondado em cana

por onde escorrega teu ser para minhas mãos.

 

De além-mar vieram os toques brancos

que me enovelam em ti feitos de aurora

escorregadia. Então pelos varandais da aurora

percorro as sete semanas que preciso trilhar

para o novo descobrimento do teu ser inteiro.

Não. Por natureza, meu coração não é bondade.

Devo encontrar em busca silenciosa pelas

iluminuras dos varandais o sentido e o bem.

 

Pelas iluminuras, o arquétipo criptografado

em escarlate, violeta e púrpura,

o arquétipo definitivo do ser que em ti se oculta.

E pelas sombras das iluminuras, o código

da decifração que te devolve a mim,

ser dos seres, dom das dádivas,

de além-mar também saído

entre cravos e especiarias diluído em mim.

 

 *  Por Benjamim Santos.

 

 

3 Comentários para “POEMA NO AR – Por Benjamim Santos (Outros Autores)”

  1. Marcos Ferreira disse em:

    Benjamim imprevisível, as vezes, mas sempre grande. É sempre um alento para alma ler seus escritos. Marcos Ferreira/ Várzea/Recife

  2. Wilton Porto disse em:

    Benjamim Santos, que é conhecido nacionalmente pelas várias peças teatrais de sucesso que ele escreveu, é intelectual de ouro do Piauí. Um tanto irreverente e cônscio da críticas arrebatas que ele faz, nos traz esse poema: “POEMA NO AR”, que é a demonstração coerente desse espírito inquieto, que não sabe ficar parado, vendo a História e a cultura sendo minguadas ou levadas por meio de minúsculas gotas. Assim o sangue do poeta sangra, o poeta que tem sangue acostumado a enfrentar os mares, pois tem herança cultural e sanguínea portuguesa, de onde partiu esquadras em busca de trazer a lume a contribuição à humanidade através de feitos que marcariam o mundo. E como todo homem de muita cultura a humildade impera e o que faz acha que é pouco, ou a contribuição ainda não é satisfatória, acredita não ser bom o suficiente ou a humanidade ainda carece de uma boa caminhada para atingir as “iluminuras” que fazem as coisas acontecerem com satisfação divina. Parabéns, poeta!

  3. yedamsm disse em:

    Benjamin teu coração é grande e sabe viver emoções sendo assim d riqueza ímpar. Parabéns pelo belo poema!

Deixe um comentário:

*