EXCERTOS
“Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos”
(Vinicius de Moraes)
Por Rita de Cássia Amorim Andrade
Não mais verei
a tua face angelical,
nem o teu silêncio
eloquente decifrarei.
Não mais trocarei
palavras confessadas,
nem os teus afagos
de amizade retribuirei.
Não mais escutarei
a tua voz contralto,
nem o teu murmurinhar
segredos ouvirei.
Não mais relembrarei
a tua amada Adoníade,
nem do teu ser
a agonia expulsarei.
Não mais serei
a amiga conselheira,
nem o teu novo
palpitar conhecerei.
Não mais incentivarei
o teu sucesso,
nem o teu discurso
inflamado aplaudirei.
Não mais celebrarei
a tua beleza,
nem o teu porte
altivo fotografarei.
Não mais lamentarei
a tua ausência,
nem os teus passos
compassados seguirei.
Não mais retornarei
a tua casa à merenda,
nem os teus retratos
adonianos contemplarei.
Não mais rezarei
aos teus anjos,
nem no teu suposto
ateísmo acreditarei.
Não mais adivinharei
o teu próximo passo,
nem o teu passado
de sonhos lembrarei.
Não mais cantarei
teus versos helenísticos,
nem a tua futura
idade presenciarei.
*
SULCOS DO TEMPO
1 Comentário para ““EXCERTOS” – por Rita de Cássia Amorim Andrade (categoria: Ritissima-Textos)”
Pura inspiração e delicadeza!