A CHINA QUE EU VI
Sonia Sales
Falar da China é algo complexo e difícil, mas ao mesmo tempo fascinante. Um País de antigos contrastes, que está se unificando com a rapidez de um ciclone. Desde 1978, no governo de Deng Xiaoping, passou de uma economia centralizada nos moldes soviéticos e fechada ao comércio internacional, para uma economia com setor privado em rápido crescimento, que realizando inteligentes parcerias com outros países, inclusive com o Brasil, desempenha papel de suma importância na economia mundial. Esta mudança gigantesca veio alterar de forma definitiva a condição social do seu povo. É claro que problemas ainda existem devido ao vasto território e à imensa população do País, mas estão sendo sanados pouco a pouco. Dentro das muitas reformas, uma das mais importantes foi a mudança no trabalho na agricultura, que passou do sistema coletivo, para o de responsabilidade familiar, permitindo o aumento da produção e da produtividade e a liberação dos preços. A China é a segunda maior economia do mundo; é a nação de maior crescimento econômico nos últimos 35 anos, suas indústrias adotam cada vez mais avançadas tecnologias, fazendo concorrência aos demais países.
Convidada pelo Governo Chinês, o que muito me honrou, estive alguns dias na República Popular da China, mas, mesmo sabendo pelos meios de comunicação das grandes mudanças lá ocorridas, o impacto que me causou a visão de sua modernização é indescritível. Nunca poderia imaginar que em tão pouco tempo a China se tornaria um dos países de maior progresso do mundo. Tudo é grandioso. Nos anos 80, no período que antecedeu as Olímpiadas, quarteirões inteiros foram derrubados e deram lugar a enormes edifícios, alguns com 100 andares, de uma arquitetura surpreendente de formas nada convencionais e com a preocupação do verde em toda parte. Avenidas muito bem traçadas arborizadas e floridas cortam as cidades. Praças e jardins são uma constante em quase cada esquina. Conhecer também o povo chinês em sua própria terra é uma feliz descoberta: são alegres, atenciosos e amáveis com os estrangeiros. A sensação de ser bem recebida é emocionante.
Chegamos a Pequim pelo novo aeroporto internacional, o maior do mundo, projeto liderado pelo renomado arquiteto inglês, Norman Foster. Pequim é o polo político e cultural do País, com 59 universidades para as quais convergem estudantes de todos os países. Sem falar nos museus, centros de arte e complexos moderníssimos de magníficos teatros e ainda gigantescos shoppings e supermercados com preços accessíveis ao povo, e para nós baratíssimos. Quando os visitamos estavam repletos, o que não é surpresa considerando-se que Pequim tem 17 milhões de habitantes. Não poderíamos deixar de falar nos monumentos históricos como a Cidade Proibida (antigo Palácio Imperial) e a Grande Muralha, dos mais famosos pontos turísticos do planeta. Visitá-los é uma emoção quase que religiosa e a realização de um sonho. O grande portal da Cidade Proibida está voltado para a Praça da Porta da Paz Celestial ou (Tiananmen), que é cortada por uma larga avenida ladeada de museus e cuja atração central é o mausoléu de Mao Zedong.
A Cidade Proibida foi construída numa área de 72 hectares exatamente no centro de Pequim, pois rezava a tradição que ali fosse o centro do Universo, já que o nome oficial da China Zhongguo, significa País do Meio. É um deslumbramento para quem gosta de arte e sabe observar os entalhes preciosos de marcenaria e seus telhados com esculturas de dragões e outros seres lendários. Um silêncio respeitoso acompanha o visitante, podemos até ouvir o murmúrio do vento.
A Grande Muralha de mais de 20 mil quilômetros, sendo o maior monumento do mundo, nos mostra a capacidade do povo chinês de fazer o impossível. É o símbolo da China. Percorremos o trecho denominado Ju Yongguan e confesso que com muito esforço chequei até ao topo. Uma incrível aventura.
Mais duas cidades foram visitadas: Shenzhen e Xangai.
Shenzhen uma localidade de 5000 anos e que há 32 era uma humilde aldeia de pescadores, como num passe de mágica é agora uma das maiores e mais ricas cidades da China, com aproximadamente 11 milhões de habitantes, situada logo ao norte da Hong Kong. Dizem que ela foi criada por ciúme de Hong Kong e para mostrar que lá poderiam erguer uma cidade ainda mais importante e próspera. Esta imensa metrópole, uma das mais populosas do país, é um dos grandes resultados da abertura econômica contando com colossais investimentos tanto de chineses quanto estrangeiros nas zonas especiais de comércio e indústria. É atualmente o principal centro financeiro do País, com numerosos bancos nacionais e internacionais e modernas indústrias além de ser o segundo maior porto de exportação da China.
Xangai é um ponto de referência, a segunda maior cidade chinesa com mais de 20 milhões de habitantes e tem o maior porto de carga do mundo, rivalizando-se com Shenzen. Uma das cidades mais visitadas por estrangeiros com pontos turísticos conhecidos mundialmente: o histórico “Bund” (plataforma marginal do rio Huangpul), o templo da Cidade de Deus, o moderno centro financeiro de Pudong, onde impera a majestosa “Torre de Pérola Oriental” com os seus mais de 500 metros de altura, o seu trem de levitação magnética, único no mundo e que chega a atingir 400 quilômetros por hora, mas também por ser um dos polos mundiais de maior importância cultural e comercial.
Para terminar esta viagem mais do que perfeita, visitamos uma pequena aldeia de pescadores no subúrbio de Xangai, Zhujiajiao, de 1.700 anos, totalmente preservada, a chamada “Veneza de Xangai”, com pontes construídas na Dinastia Ming (do século 14 ao 17) e pequenas embarcações como meio de transporte. Um lugar inesquecível.
Depois desses dias de magnificência, vendo o esplendor da nova China, volto para o meu antigo computador.
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