OUVINDO O SILÊNCIO
Por Sonia Sales
Ouve o silêncio que me escuta, permite
Que eu ame a tua sombra, se é só o que me resta,
amarei a terra que pisas, e os teus sonhos
a água que lavou os teus cabelos, e o teu cheiro
o papel da máquina que escreves, se é o que me resta.
Vem que é hora do sereno, sente o maestro
regendo a sinfonia, no calor da noite que me afaga.
Ideais mantidos em surdina, esquecendo o vazio
dos sentidos, de sexo apenas sexo, na lembrança
do amor eterno. E no poder do plenilúnio
escutando as lamúrias do vento, ouve
o silêncio que me escuta, reflete:
o meu amor é mais que o nada, se é o que te resta.