POEMA DA INQUIETUDE
Francisco Miguel de Moura
Ai, que vontade de jogar ao mar
os suspiros presos no ventre,
as dores caladas,
as palavras interditas
e aquelas que não foram ouvidas,
e as trevas que se acenderam
no espírito,
numa estação de raiva e desespero!
Que fossem para o fundo profundo da purificação,
e meu amor nascesse novo,
vindo ninguém sabe donde,
de há trilhões de anos.
E a bondade cobrisse
as faces da terra.
Iluminassem o sol e a lua
eclipsando todas as maldades,
ao encontro da verdade do universo…
Assim teria um Deus
com quem andar conversas
e arrebanhar presentes
para os futuros homens inquietos.