Crítica de “O Catador de Palavras” de Antonio Ventura > por Antonio Carlos Secchin (categoria: Outros Autores)

Postado por Rita de Cássia ligado abr 16, 2015 em Outros Autores | 0 Comentários

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O catador de palavras, de Antonio Ventura, apresenta o reencontro de um homem

consigo próprio, na sua mais intensa vocação: para além de um “catador”, um

transfigurador de palavras. Ariscas, elas se deslocam do terreno da fala cotidiana

para ressurgirem no espaço instável do poema — onde tudo se arrisca, em nome da

beleza. Enquanto quase todos seus colegas de geração — a da “poesia marginal” —

celebravam o precário, Ventura, dissonantemente, como atesta o título de um livro

seu, efetuava a Reivindicação da eternidade. No compasso de um discurso

abastecido em lições rimbaudianas, desafiadoramente proclamava: “Eu sou um

Deus que canta entre os rochedos”. Noutro passo, todavia, a voz de Ventura se

contrapunha a uma das mais famosas lições do vate francês: “Como é fabuloso ser

eu, e não o outro”. O poeta-andarilho, numa viagem iniciada em Ribeirão Preto, com

escala no Rio de Janeiro, constrói e oferta neste livro sua morada mais sólida. No

ponto de partida do adolescente ou na estação de desembarque do adulto, a mesma

transbordante celebração da Poesia.

 

Antonio Carlos Secchin


da Academia Brasileira de Letras

 

 


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