TEMPORAL
Por Leandro Cardoso Fernandes
Margens de carnaúbas eriçadas,
Que balançam na calidez do vento,
Enfeitam com seu verde as alvoradas,
Dissipando da noite o breu cinzento.
Correnteza barrenta e amarelada,
Onde brincam os peixes a contento,
Carregando num espelho estampada
A beleza alvaçã do firmamento.
Estrondosa é a força de águas turvas,
Tudo ela arrasta, não respeita curvas!
Só não leva embora o que eu mais queria…
— O temporal no peito, minha sina;
(Saudade dos meus rios… de Teresina…),
Que espero ver de volta à calmaria.
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Fonte: Da bula à literatura – escritos e descritos de médicos escritores piauienses. SOBRAMES/PI, p. 77