“A MÃO” – por Rita de Cássia Amorim Andrade (categoria: Ritissima-Textos)

Postado por Rita de Cássia ligado mai 20, 2014 em Ritissima-Textos | 1 Comentário

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A MÃO


Dessa noite mais longa, mítica do tempo,
desentranhada da aurora boreal
e dos corpúsculos emitidos pelo sol,
vieram os deuses e os mistérios do homem”
(Álvaro Pacheco)

 


No sombrio final de evento


os meus olhos com aquela mão


se depararam.


Era uma mão magra que se debruçava


tensa, sobre a balaustrada.


De tal compressão se alongava


a falange, salientando o nó


de dedos hastis e


unhas encravadas.


Nó Górdio, à espera daquela


a quem o nó


desataria,


se assim o pudesse,


para se cumprir a profecia.


E os meus olhos adivinhos


desvendaram o oculto interdito.


E a mão do jovem poeta


já não perfumava,


já não era mão de primavera,


porquanto era uma mão


decadente.


 


1 Comentário para ““A MÃO” – por Rita de Cássia Amorim Andrade (categoria: Ritissima-Textos)”

  1. Pedro Pio disse em:

    Gostei muito! Um misto sutil de fascinação, estranhamento, tristeza e despedida. Parabéns!

Deixe um comentário:

*