A MÃO
“Dessa noite mais longa, mítica do tempo,
desentranhada da aurora boreal
e dos corpúsculos emitidos pelo sol,
vieram os deuses e os mistérios do homem”
(Álvaro Pacheco)
No sombrio final de evento
os meus olhos com aquela mão
se depararam.
Era uma mão magra que se debruçava
tensa, sobre a balaustrada.
De tal compressão se alongava
a falange, salientando o nó
de dedos hastis e
unhas encravadas.
Nó Górdio, à espera daquela
a quem o nó
desataria,
se assim o pudesse,
para se cumprir a profecia.
E os meus olhos adivinhos
desvendaram o oculto interdito.
E a mão do jovem poeta
já não perfumava,
já não era mão de primavera,
porquanto era uma mão
decadente.
1 Comentário para ““A MÃO” – por Rita de Cássia Amorim Andrade (categoria: Ritissima-Textos)”
Gostei muito! Um misto sutil de fascinação, estranhamento, tristeza e despedida. Parabéns!