NAIR DE TEFFÉ
Abro minha sala de visitas para receber os primeiros convidados deste blog, que não é só meu, porque é de todos vocês, meus leitores.
Neste espaço, apresentarei personalidades femininas e personalidades masculinas.
A idéia é intercalar, entre o passado e o presente, figuras marcantes.
O texto não será uma resenha ou crítica literária, antes, o retrato de pessoas que marcam suas presenças no meio artístico, literário, social e/ou político.
Como uma foto clicada, não haverá uma análise específica dessas personalidades. O foco estará restrito a um quadro.
A personalidade feminina que abre este espaço é:
NAIR DE TEFFÉ.
Sou uma admiradora costumaz dos pioneiros, notadamente das pioneiras. O comum ao longo dos anos é o pioneirismo masculino, desbravador por natureza. Sabemos, contudo, que houve mulheres que tiveram a coragem de quebrar tabu e liderar campanha pela igualdade que hoje nos é assegurada.
Quando criei a personagem canadense de: KAREN – Corpo e Alma, logo me vieram as imagens de mulheres pioneiras, suas conterrâneas. Mesmo sem explorar os seus feitos, pus os nomes em algumas personagens – EMILY STOWE, primeira mulher médica do Canadá, em 1867; EILEEN VOLLICK, primeira mulher canadense a receber licença para pilotar, em 1928; ELSIE MACGILL – primeira mulher a desenhar (to design) um avião que foi construído em 1939.
Assim, admiradora que sou dessas mulheres, apraz-me relembrar a figura tão marcante, que foi NAIR DE TEFFÉ.
Nair de TeffeNAIR DE TEFFÉ foi de comportamento inovador para a mulher da época.
Nasceu em 10 de junho de 1886, no Rio de Janeiro. Filha do almirante Antonio Luiz Hoonholtz, Barão de Teffé. Era neta do Conde Von Hoonholtz. Desde tenra idade viveu na França, onde fez seus estudos. Estudou pintura no curso de Madame Layrut.
Aos nove anos de idade já se iniciava na caricatura.
Retorna ao Brasil com 20 anos de idade e aos 23 publica a caricatura A Artista Rejane, na revista “Fon Fon”. Posteriormente, outras caricaturas viriam. Alguns jornais passam a publicá-las. Na França, as revistas “Fantasie”, “Femina”, “Excelsior” e “Le Rire” estampam as suas caricaturas.
NAIR usa o nome artístico de RIAN, o seu nome ao contrário.
Em 1912, o acervo composto de duzentas caricaturas estava exposto no salão do “Jornal do Comércio”, com apresentação do Presidente da República, HERMES DA FONSECA que, um ano depois, seria o seu marido.
Dona de uma personalidade independente, mesmo com o esvaziamento dos trabalhos profissionais após o casamento, a primeira-dama recebia artistas, em saraus, no próprio Palácio do Catete, inclusive CATULO DA PAIXÃO CEARENSE.
Tinha preferência pela música popular e promovia recitais de modinhas, para deleite dos amigos. A repercussão foi negativa no meio elitista.
Nair ousou caricaturar na borda de um vestido de gala, em uma reunião do Ministério, os próprios Ministros da República.
Quando HERMES DA FONSECA deixa o governo, o casal viaja para a Europa e Nair publica charges e faz capa para a “Fon-Fon”.
Quando fica viúva se recolhe em um sítio, em Niterói, sem o glamour de antes. Adota três crianças. Vive da pensão do marido. Em 1955 é redescoberta pela imprensa.
NAIR, no dia do seu aniversário de 95 anos, em 1981, vem a falecer.