SONATA DAS MUSAS ESCARLATES – por José Inácio Vieira de Melo (Outros Autores)

Postado por Rita de Cássia ligado nov 26, 2011 em Outros Autores | 0 Comentários

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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SONATA DAS MUSAS ESCARLATES

Nos olores dos aloendros escarlates, as musas todas.

O escarlate em sua noite cria a linguagem por dentro.

Por dentro da madrugada, os gemidos escarlates

de Cássia sobre a alfombra de folhas dos cajueiros.

Os tempos extinguiram os corpos, distantes,

mas os mares e os risos ainda estão envolvidos.

Outrora, a água e a cidra, os barcos nos azulejos,

outrora, por dentro do corpo da noite recendiam os jasmins,

outrora, Quitéria era infanta e se fazia escarlate ao cantar do galo.

À noite, os vestidos de verbenas eram imortais.

No mais, tudo era gozo e rito nas liturgias do céu.

Às vezes, as borboletas fazem um culto à memória de Margarete,

e os ventos povoam as pedras dos jazigos daqueles anos azuis

que jazem aqui, dentro do peito, e nos arrabaldes que vejo.

E era Linda, com os olhos sombreados dentro da noite,

e eu todo perdido nos aromas de avelã de sua volúpia,

e sobre suas ancas escarlates estou, como o mar por dentro.

E, na noite do mar adolescente, Aliane e seus cheiros:

nas pupilas das águas, no âmago das praias, envolvidos.

O verde do mar e o sangue das verbenas, enredados

no negror da noite. E eu ouvia Carla e me envolvia

nas trepadeiras dos seus cabelos, no seu templo de música.

E pelos céus da minha paixão desfilavam em flor e fogo

os vultos de Vilma e de Vanessa – estandartes escarlates.

Assim, Duíno Selvagem, breve como as águas do Sertão,

estendo as musas escarlates que perenizam minha saga.

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

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