1º de dezembro – ALICE RUIZ – representando todas as escritoras e compositoras que iniciam o prenome com a letra “A” (Outros Autores)

Postado por Rita de Cássia ligado dez 1, 2011 em Outros Autores | 0 Comentários

1º de dezembro – ALICE RUIZ – representando todas as escritoras e compositoras que iniciam o prenome com a letra “A”

ALICE RUIZ nasceu em Curitiba, PR, em 22 de janeiro de 1946.

Começou a escrever contos com 9 anos de idade, e versos aos 16. Foi “poeta de gaveta” até os 26 anos, quando publicou, em revistas e jornais culturais, alguns poemas. Mas só lançou seu primeiro livro aos 34 anos.

Aos 22 anos casou com Paulo Leminski e pela primeira vez, mostrou a alguém o que escrevia. Surpreso, Leminski comentou que ela escrevia haikais, termo que até então Alice não conhecia. Mas encantou-se com a forma poética japonesa, passando então estudar com profundidade o haicai e seus poetas, tendo traduzido quatro livros de autores e autoras japonesas, nos anos 1980.

Teve três filhos com o poeta: Miguel Ângelo Leminski, Áurea Alice Leminski e Estrela Ruiz Leminski. Estrela também é uma grande poeta: acabou de lançar um livro, junto com o Yuuka de Alice: Cupido: Cuspido e Escarrado (ambos saíram pela Editora AMEOP, de Porto Alegre) – provando que, filha de duas feras, essa Estrela tem luz própria.

Alice publicou, até agora, 19 livros, entre poesia, traduções e uma história infantil, que você pode conhecer clicando em Bibliografia.

Compõe letras desde os 26 anos – a primeira parceria foi uma brincadeira com Leminski, que se chamou “Nóis Fumo” e só foi gravada em 2004, por Mário Gallera. A poeta tem mais de 50 músicas gravadas por parceiros e intérpretes. Está lançando, em 2005, seu primeiro CD, o Paralelas, em parceria com Alzira Espíndola, pela Duncan Discos, com as participações especialíssimas de Zélia Duncan e Arnaldo Antunes. Para conhecer essas gravações e os parceiros da poeta, dê uma olhadinha em Discografia!

Antes da publicação de seu primeiro livro, Navalhanaliga, em dezembro de 1980, já havia escrito textos feministas, no início dos anos 1970 e editado algumas revistas, além de textos publicitários e roteiros de histórias em quadrinhos. Alguns de seus primeiros poemas foram publicados somente em 1984, quando lançou Pelos Pêlos pela Brasiliense. Já ganhou vários prêmios, incluindo o Jabuti de Poesia, de 1989, pelo livro Vice Versos e o Jabuti de Poesia, de 2009, pelo livro Dois em Um.

Já participou do projeto Arte Postal, pela Arte Pau Brasil; da Exposição Transcriar – Poemas em Vídeo Texto, no III Encontro de Semiótica, em 1985, SP; do Poesia em Out-Door, Arte na Rua II, SP, em 1984; Poesia em Out-Door, 100 anos da Av. Paulista, em 1991; da XVII Bienal, arte em Vídeo Texto e também integrou o júri de 8 encontros nacionais de haikai, em São Paulo.

As aulas de haikai são uma experiência única para quem já fez – Alice convence a gente que no fundo de cada um existe um poeta louco pra despertar, e descobrimos surpresos que sim, é possível!

Nota: Reprodução: www.letras.com.br

SE

se por acaso

a gente se cruzasse

ia ser um caso sério

você ia rir até amanhecer

eu ia ir até acontecer

de dia um improviso

de noite uma farra

a gente ia viver

com garra

eu ia tirar de ouvido

todos os sentidos

ia ser tão divertido

tocar um solo em dueto

ia ser um riso

ia ser um gozo

ia ser todo dia

a mesma folia

até deixar de ser poesia

e virar tédio

e nem o meu melhor vestido

era remédio

daí vá ficando por aí

eu vou ficando por aqui

evitando

desviando

sempre pensando

se por acaso

a gente se cruzasse…

Haicais de Alice Ruiz:

basta um galhinho

e vira trapezista

o passarinho

névoa na estrada

à beira de um sonho

um trem para Praga

tarde cinza

toda azaléia

arde em rosa

pássaro morto

no meio da estrada

carros que voam

fim de tarde

depois do trovão

o silêncio é maior

amigo grilo

sua vida foi curta

minha noite vai ser longa

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