SULCOS DO TEMPO – Comentário
Surpreendeu-me agradavelmente a leitura do livro Sulcos do tempo, de Rita de Cássia Amorim Andrade (Halley Gráfica e Editora S.A, Teresina, 2012).A autora, romancista bem estruturada, que compõe as suas narrativas com segurança e inventiva, chega-nos sutilmente, através de um texto insinuante de poesia.
O tempo, amigo/inimigo, mostra-se como um espelho mutável, que traduz, mostra as faces imagéticas, cuidadosamente refinadas, ao sabor de espaços criados pela linguagem não linear. As tessituras que unem a musicalidade da poética referem-se a mitos helenísticos, ao rito telúrico da brasilidade, à insondável região dos sonhos, como um contraponto. A autora trabalha o texto como pintura, que pode ter como inspiração o anoitecer, no encontro das águas, em Teresina, o nascer do dia, em Simplício Mendes, o embevecimento do DNA de sua alma, diante da Acrópole d Atenas. As letras, como tintas, alargam-se ou atenuam-se, nos matizes, nos contrapontos de claros e escuros, para conduzir o leitor a paragens diversas.
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Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2012
Josélia Costandrade – ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, RJ.
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