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SERENATAS
CLÉA REZENDE
Vindo-me à mente os tempos de outrora,
Vejo a mística donzela, vestal menina,
O amor virginal, puro, lembro-o agora
No palco da vida, descerro a cortina.
Serenatas ao luar, violões tangentes,
Rapazes suspirantes cantam o amor
Enamorado, velhas canções plangentes,
No peito amarga o soluço triste da dor!
Noites encantadas pelo fulgor do luar,
Sob as janelas velhas valsas a passar
Na magia despertada pelo resplendor
Da paixão primeira e do primeiro amor!
Onde estão as serestas, donzelas e a lua
Que não são mais dos poetas e namorados?
O tempo matou o soluçante cantar na rua,
O carinho angelical, corações apaixonados.
Nas recordações busco o distante passado,
Tempo feliz que não me sai da lembrança,
Revivo tudo que vivi, nessa minha andança
Poética,saudade, pobre coração machucado!