CARAVAGGIO – Mestre Italiano Encanta Brasileiros – por Josélia Costandrade (Outros Autores)

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CARAVAGGIO – MESTRE ITALIANO ENCANTA BRASILEIROS.

Josélia Costandrade – ABCA RJ – Associação Brasileira de Críticos de Arte.

Contrastes entre a luz e as sombras, um profundo sentido filosófico e religioso unido ao rigor e dramaticidade das formas, juntamente com a regência das cores, caracterizam a obra de Caravaggio, um gênio da Pintura. O acervo do mestre italiano, em sua mostra itinerante pelo Brasil tem deixado o público  embevecido.

A presidente Dilma Roussefi inaugura a exposição Caravaggio e seus seguidores, no dia 5 deste mês, às 16 horas, no Palácio do Planalto, encerrando as comemorações do Ano Itália/Brasil, iniciadas em 2011. O público terá acesso ao acervo entre os dias 6 e 17, do mês em curso, das 9 às 18 horas. A coleção, que inclui raridades, como a Medusa Murtola e o São João Batista, foi exposta  em Belo Horizonte e São Paulo (MASP – Museu de Arte Moderna, por onde passaram cento e vinte mil pessoas).

Duzentos e dois anos após sua morte, Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571- 1610) continua a exercer fascínio através de um legado inestimável. Em sua curta e tumultuada existência, o artista, anunciador do estilo Barroco (ou Estilo da Contra Reforma) contrapõe – se e sucede aos Cânones estabelecidos pelo Renascimento e impõe os ritos e os ritmos de uma nova corrente estética advinda do Concílio de Trento, como arsenal utilizado pela Igreja Católica, no sentido de retomar seu poderio, após os avanços de Lutero. O sentido da Simetria (Absoluta e Ponderada) nas Caravaggio, transmudou-se em dinâmica, com as linhas das composições que obedecem às linhas diagonais, incitadoras de um movimento contínuo, a mutabilidade dos gestos, a exacerbação das emoções.

Enquanto Leonardo da Vinci exaltava os “sfumatti” (ou seja, uma gradual inserção dos claros-escuros, Caravaggio exaltou a iluminação ambiciosa, o contraste absoluto entre as adensadas sombras e uma luminosidade impetuosa, quase teatral, como a sugerir a predisposição do ser humano, ao livrar-se da escuridão espiritual para alcançar as paragens cósmicas, a transfiguração, através de uma luz transcendental. Assim, a cor atinge uma potente ação, entre as tonalidades mais sombrias, até chegar às terras (de Siena, de Veneza), aos amarelos (de Nápoles, cádmio) e explodir nos vermelhos (de Veneza, da China),em estonteantes contrapontos cromáticos, que atingem o seu paroxismo.

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