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CLÁUDIO MURILO LEAL
Nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1937. Doutor em Letras e Mestre em Literatura Brasileira pela UFRJ. Professor da UFRJ; da Universidade de Essex, Inglaterra; da Universidade Toulouse-Le-Mirail, França; da Universidade de Brasília (1971/79, período em que colaborou com os jornais Correio Braziliense e Jornal de Brasília); diretor do “Colegio Mayor Universitario” Casa do Brasil, em Madrid. Atual presidente do PEN Club do Brasil.
Bibliografia: Poemas; Novos Poemas; Fonte; Gesto Solidário; As Doze Horas; A Rosa Prática; A Musa Alienada; Poemas de Amor; Caderno de Proust (Prêmio Nacional de Poesia do Instituto Nacional do Livro, 1981); A Velhice de Ezra Pound; O Poeta Versus Maniqueu; Escrito en la Carne; Reflets; As Quatro Estações; Catarse; As Guerras Púnicas; Treze Bilhetes Suicidas; Módulos (antologia, Sette Letras); e Cinelândia. Tradutor da Antologia Poética, Carlos Drummond de Andrade, Espanha (1986); e organizador de Toda a Poesia de Machado de Assis, Record (2008).
“C.M. como o verdadeiro jovem poeta de que fala W. H. Auden “gosta de vagabundear com as palavras e ficar escutando o que elas dizem”. As principais qualidades positivas de C.M. são esse genuíno encantamento pelas palavras e conotações e, mais, uma certa saúde, uma certa coragem, um certa alegria criadoras que são raras nos poetas de agora”. Mário Faustino
“A dicção poética de C.M. que já nos espantara em outro pequeno e anterior volume, se confirma em economia e vigor nos poemas de Novos Poemas.” Walmir Ayala
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Fonte: www.antoniomiranda.com.br
SONETO ATLÂNTICO
A vulva de mar que me envolve,
válvula maré que mexe e goza,
leva meu sémen limpo e devolve
detritos de água ferruginosa.
No ventre atlântico se dissolve
o ritmo vai-e-vem de nossas vidas,
amor que sempre foge e sempre volve
às mesmas chegadas e partidas.
Beber, beber, beber, fel oceânico,
em meu corpo de volúpia e pânico,
sorver tuas espumas de ressaca.
Onda. Linfa. Aquática hemorragia.
Engolfas meu corpo, suja baía:
e sou o braço de mar que te ataca.
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