Jornada Mundial da Juventude e as Igrejas do Rio
Josélia Costandrade – ABCA-RJ – Associação Brasileira de Críticos de Arte
“Nossa Senhora da Penha, minha voz talvez não tenha o poder de te exaltar”… A louvação de Luís Gonzaga à santa miraculosa, bem confirma o destaque da Igreja da Penha. Edificado sobre um alto penhasco e que exige dos romeiros uma fé inabalável, na subida de seus 820 degraus (a maior escadaria do Brasil), o santuário domina o cenário do bairro da Leopoldina (estrada de ferro) A querida e festiva Igreja foi construída em 1635 e, por sua localização em tal altitude preponderante, bem simboliza as boas vindas aos peregrinos da 28ª Jornada Mundial da Juventude, que será realizada em julho próximo, na cidade maravilhosa.
O Rio possui um magnífico relicário de patrimônio histórico, artístico e religioso constituído pela arquitetura eclesiástica e conventual originária das diversas ordens religiosas católicas presentes no Brasil, desde o século XVI. No centro da cidade, desde a Praça XV (com a rua Primeiro de março) estão reunidas algumas das igrejas mais belas e que definem os estilos e técnicas diversos, desde a vinda dos jesuítas, na Renascença, depois, com o Barroco e o Néo classicismo. Heráldica, a Igreja d Nossa Senhora do Monte 1761, sobre as bases de humilde capela, do Carmo foi inteiramente restaurada, para as comemorações aos duzentos anos da chegada da família real, em 1808. Infelizmente sofreu depredações de vândalos, no dia 11 deste mês. A antiga Sé Catedral, construída em 1761, sobre as bases de humilde capela, ostenta as linhas renascentistas, nas fachadas reticuladas e no suntuoso interior, onde foram celebradas cerimônias históricas: as coroações de Dom Pedro I e Dom Pedro II e, os respectivos casamentos dos dois imperadores. Eram cantadas as missas e Laudate da autoria do padre José Maurício Nunes Garcia, compositor da corte.
Mais antiga e construída em 1623, no lado oposto ao Carmo, a Igreja da Santa Cruz dos Militares, com sua feição renascentista, ostenta estátuas nos dois nichos circundando a portada principal.
Ainda no mesmo lado e próxima ao Palácio Tiradentes, a Igreja de São José, edificada em 1843, apresenta-se como uma elaborada jóia do Barroco tardio. No final da rua Primeiro de março e dominando o cenário da Baía da Guanabara,
o Mosteiro de São Bento é guardião da paisagem, desde 1540, quando foi edificado no morro do mesmo nome. Seu traçado segue a planta de estrutura quase militar, abrigando igreja e convento (depois, adicionando Colégio e Faculdade). As fachadas de estilo Renascimento, o interior ricamente decorado, o imenso órgão que é tocado durante as celebrações de Missas acompanhadas pelo canto gregoriano são atrativos da Igreja.
Na rua do Ouvidor, que durante o período imperial era sinônimo de elegância situa –se a Igreja da Lapa dos Mercadores, datando de 1750, com suas linhas sinuosas do estilo Barroco.
E, na avenida Presidente Vargas, mirando o mar, a memorável Igreja da Candelária, construída em 1604, por um casal português, como pagamento de promessa. Em planta de cruz latina e seu traçado Renascença, o templo reúne as mais emblemáticas pinturas murais, realizadas por Manuel da Costa Ataíde. Todo o esplendor serve às funções religiosas e aos Concertos de Música Erudita, realizados em seu interior.
O Convento e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, construídos em 1542, situam-se no alto do Morro de Santo Antônio – Largo da Carioca (centro) e formam, juntamente com a
Igreja de Santo Antônio dos Pobres, o maior conjunto arquitetônico religioso da época colonial, na cidade. Sua construção data do início do século XVI e o edifício, com planta retangular, que abriga Conventos e Igrejas desperta admiração, desde a singular fachada, com três portas, até o interior ricamente decorado como uma preciosidade barroca.
Fechando o semicírculo do Centro do Rio, com outros templos, como a nova Catedral, as Senhor dos Passos,
santa Efigênia,
santa Luzia, a
Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, preferida pela Família Real. No alto do morro, a pequena e delicada construção, originária de 1779, possui fachada octogonal, com uma torre centralizada e o interior aconchegante. Perto do mar, como o Mosteiro de são Bento, a igrejinha parce velar pela cidade. Que a defenda. E que os anjos digam amém!