ODE A AFRODITE – por Safo – Trad. Josaphat Neto (categoria: Outros Autores)

Postado por Rita de Cássia ligado set 13, 2013 em Outros Autores | 0 Comentários

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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ODE A AFRODITE

Safo

 

 

“Imortal Afrodite, de bem talhado trono,

filha de Deus, tecedora de intrigas,

rogo-te: não subjugues com dores e culpas,

Deusa, a minh’ alma!

 

Mas vem a mim! pois nem outrora, quando

ao longe, os meus clamores escutando,

quizeste, de teu pai, deixar a casa

em tua áurea carruagem.

 

Os belos e mui velozes pardais

conduzem-te por densas vastidões,

em meio ao firmamento, de infi-

nito éter.

 

Logo chegando. E oh, tu, a mais feliz,

sorrindo em tuas faces sempiternas,

perguntas-me agora o que sinto,

e porque agora o meu apelo,

 

E o que mais quer o meu coração

aflito ver. Qual queres que, das belas,

ao temível amor convença, oh Safo,

qual que te rejeita e injuria?

 

Pois que se foge, te tão logo segue,

e se presentes recusa, logo os dará,

e se ainda não ama, em breve amará,

ainda que o negue.

 

Agora vem! De dor e anseios livra-me

e o quanto a alma, a completude anseia

há tanto, dê-lho, e sê, de mim,

amiga enfim.”

 

(Safo)

 

Tradução de Josaphat Neto.

 

Fonte: jonatasneto:

Safo nasceu em Mitilene, na ilha de Lesbos, no final do século VII a.C., numa família aristocrática. Em 593 a.C., o tirano Melancro exilou os seus pais e ela teve de viver um tempo na Sicília.

Quando retornou, já sob o governo de Pítaco, abriu um thíasos, uma confraria para preparar moças nobres para o casamento: lá estudavam música, liam poesia e aprendiam a dançar. Tudo isso sob a proteção de Afrodite (Vênus) e das musas.

Safo escreveu odes, hinos e epitalâmios (cantos nupciais); neles, ela celebra o amor, a beleza, a graça feminina e expressa afeto por suas alunas*.

Infelizmente, dessa grande poetisa (que Platão chamou de “décima Musa”), chegaram até nós apenas 650 versos (fragmentos de poesias diversas) e um único poema integral, a Ode a Afrodite.

Na Antigüidade, Safo influenciou Horácio e Catulo, que traduziram e imitaram os seus textos e, em época contemporânea, os italianos Ugo Foscolo (1778-1827) e Giacomo Leopardi (1798-1837).

 

 

 

 

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