EXALTAÇÃO DA PRIMAVERA NA OBRA DE CASIMIRO DE ABREU > BOTTICELLI > VIVALDI E STRAVINSKY – por Josélia Costandrade (Outros Autores)

Postado por Rita de Cássia ligado set 18, 2013 em Outros Autores | 1 Comentário

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EXALTAÇÃO DA PRIMAVERA NA OBRA DE CASIMIRO DE ABREU, BOTTICELLI, VIVALDI E STRAVINSKY

Josélia Costandrade – ABCA RJ – Associação Brasileira de Críticos de Arte

 

“Ó que saudades que eu tenho

da aurora da minha vida,

da minha infância querida,

que os anos não trazem mais”…(“As Primaveras”, Casimiro de Abreu).

Primavera, a mais bela das estações chega ao hemisfério sul, que desde a mais remota antiguidade motiva cultos, ritos, festividades e cerimônias, além de inspirar poetas e artistas, em obras que transpõem tempo e espaço. Intimamente ligada ao mito greco – romano de Perséfone, Zeus e Deméter, Perséfone foi raptada por Hades e levada ao inferno. Após acordo entre as divindades, Perséfone passou a morar metade do ano no reino subterrâneo de Hades (Plutão); deixando Démeter, a terra entristecida em sua ausência e, ao contrário, alegre e florida quando de seu retorno.

Da tradição Clássica ao Renascimento italiano, o tema inspiraria Sandro Botticelli, na tela “Alegoria da Primavera” e, já no período Barroco, o compositor Antônio Vivaldi, em “As quatro estações”. O poeta Romântico brasileiro, Casimiro de Abreu, escreveu “As primaveras” e o russo Igor Stavinsky, revolucionou a música de balé com “A sagração da Primavera. Perséfone, Deméter, Gaia, brilhos do céu, escuridão dos infernos, memória ancestral, DNA coletivo, tudo combinado na louvação de Kore, a eternamente jovem Primavera.

Os autores destas obras – primas cercaram – se do intenso apelo encantatório advindo das paisagens, perfumes, sonoridades e movimentos próprios da estação, que nas regiões frias possui até mesmo o significado de renascimento após longo declínio ou morte. Na “Alegoria da Primavera”, têmpera sobre madeira, 203 x 216 m, pintada em 1482 e pertencente, desde 1919, ao Museu Ufizzi, de Florença. A cena transcorre em um pomar com laranjas, ou pomos de ouro, clara referência ao jardim das Hispérides – onde o grupo reúne seis figuras femininas: as deusas Vênus e Flora, as três Graças e a Primavera, ladeadas pelo deus Mercúrio (que a tradição aponta como sendo Giuliano de Médicis, mecenas das Artes), um fauno perto da laranjeira e, flutuando Cupido, sobre a cena. Em seus quinhentos trinta e um anos, tem sido uma das pinturas mais aclamadas.

Compostas por Antonio Vivaldi em 1726, “As Quatro Estações” – quatro “concerti grossi” (Concertos redondos) fazem parte da coletânea “Il cimento dell’armonia”, publicada em 1726, em Amsterdã. Constituem-se as peças mais conhecidas do petre rosso (padre ruivo), veneziano e transmitem musicalmente as mutações contínuas da natureza anuamente. O primeiro Concerto “A Primavera”, tem os movimentos Allegro/Andante non troppo/Danza  pastorale/Allegro. Efervescente, rica de tonalidades e ritmos festivos, dançantes, fluidos. A Primavera tornou-se tão popular, ao ponto de ser utilizada em todo tipo de propaganda de vários produtos de beleza.

Casimiro de Abreu, poeta representante do Romantismo brasileiro nasceu no dia 4 de janeiro de 1839, em Silva Jardim, atual Casimiro De Abreu, no Rio de Janeiro. Era filho do português Joaquim Marques de Abreu e de Luiza Joaquina das Neves. Estudou por algum tempo em Friburgo e, em 1855, seguiu para Portugal com seu pai, tendo escrito e vendo ser encenada, em Lisboa a peça “Camões e Jau”. As saudades do Brasil eram tantas, juntamente com a  tuberculose, fazendo com que o poeta nativista retornasse ao Rio de Janeiro em 1857. Publicou “As Primaveras” no ano seguinte. O livro tornou – se uma sensação e os versos, muitos deles redondilhas eram declamados em toda parte, musicados e muito amados. Sua característica é a exteriorização dos sentimentos de tristeza, através do lirismo amoroso, daí a razão do poeta ter sido adorado pelas sinhazinhas da época e continuar reverenciado.

“Le sacre du printemps” (“A sagração da Primavera – quadros da Rússia pagã”), de Igor Stravinsky completa 100 anos. Sua estréia, pela Companhia de balés russos, no dia 29 de maio de 1913, no Teatro dos Campos Elíseos, em Paris constituiu – se num grande escândalo. Coreografado por Sergei Diaghilev, com cenários e figurinos de Nicholas Roerich e tendo como solista o legendário divo Vaclav Nijinsky, o balé discorre sobre os ritos ancestrais de mujiks – camponeses russos, quando uma jovem é obrigada a dançar até a morte, em oferenda sacrificial pelo renascimento da terra. Stravinsky teria prenunciado a Primeira Guerra Mundial e os subsequentes acontecimentos sangrentos da Revolução Russa? É bem possível, mesmo porque, Nicholas Roerich, seu colaborador, era um importante metafísico e profeta. A santa mãe Rússia foi o último país europeu a ser cristianizado, no ano 900 DC com o príncipe Wladimir, em Kiev, núcleo inicial daquele país.

Vaiada e repudiada pelo público francês, que a considerou “selvagem e primitiva” e também não aceitou as dissonâncias da música transgressora de toda uma tradição, aos poucos Le sacre du printemps encontraria seu espaço entre as obras – primas universais.

 

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1 Comentário para “EXALTAÇÃO DA PRIMAVERA NA OBRA DE CASIMIRO DE ABREU > BOTTICELLI > VIVALDI E STRAVINSKY – por Josélia Costandrade (Outros Autores)”

  1. Talita Maria França disse em:

    muito legal a obra o conjunto dos personagens é muito fascinante,a maneira como os personagens pintados na obra da um contraste muito interessante.. ADOREI A IMAGEM

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