PRECE
Por Ithalo Furtado
Eu vim para abrir mão de tudo
me entregar como nunca me entreguei
Ser a chuva que a nuvem tanto espera
desde que o sol se fez fugaz
Preces que ferem são mais doces
Hoje vou jantar com meu silêncio
Forte é a surdez do apartamento
e o excesso de vozes tão certas lá fora
Se der saudade, eu abro a janela e tudo volta
Disse o menino: “Pergunte aos insetos se não somos assassinos!”
Não é verdade que oro por medo
minha oração transcende o desespero
Minha prece é um rio
que acalma tempestades e perfuma embarcações
Como os sóis que a gente acaricia
abrindo as janelas para a alma mais perdida
Uma rosa, um rio de paz
Minha pressa, angustia presa
Há prisioneiros mais livres
que peregrinos descrentes