THE SCULPTRESS AND THE POET OVID
By Rita de Cássia Amorim Andrade
She wanted to carve a statue that denoted male perfection. Time passed, the
dolls of clay deposited in water tanks were rotting your cloths.
One night, with dry eyes, she wanted a revealing dream, but dreams could be
made only with sleep. Tried a waking dream. She closed her eyes and thought of
the Greeks. Then thought about angels, many came to earth to announce
pregnancies; Jewish Mary, who conceived without sin; another one at the Old
Testament, was impregnated at ninety! The sculptress kept her eyes closed,
ready for a mental pregnancy.
A knock at the door, Ovid! She had been thinking in the Greek, but Ovid was
Latin! Cry out to him for help.
Ovid calls the goddess Venus. She whispers a secret. He leads the sculptress to
a mountain. When they reach the top, the day dawns and the first rays of sun
are scattered along the slope.
Birds of prey do flies grazing and fascinate the woman. The poet of the
psychological and emotional reflections awakens her reverie. A trickle of water
flows from a fissure in the rock. Ovid suggests her wash their hands. The
sculptress introduces her fingers over and over until she touch a soft dough.
The tactile sensation pleases her. She removes small portions of the deep red
clay. Caresses the mass and, step by step, an image modeling. Continues until the human form.
The head tilts to the right. Slightly wavy hair. Smooth forehead. Eyes seem to
see beyond the visible. Zygomatics mark his face. Tapered nose. Fleshy mouth to
offer one kiss. Adam’s pomo masculinizes his face. The lanky body exposes the
muscles of the chest to the soleus, in complete harmony. The glans penis rests
upon two bags. Emerge a man still soulless. Rapt with the supreme beauty of the
statue, the sculptress asks Ovid that give life to that clay. Ovid, once again,
refers to Venus.
The goddess examines the work. Observes his look, there is a spark in the pupil,
one shining point submerged into oclular concavity. Stretches the view in the
tube infinite and sees the time it approaching the light of life. Would be the lord
of the gods there infiltrating?! Hesitate for a moment.
Revolve the body, there is a faculty of the soul, an erotic sensitivity from the
image. Agrees to give him life.
Behold the man metamorphosed.
Note: The book “SO MANY WORDS” (Anthology)
*
A ESCULTORA E O POETA OVÍDIO
“Dotado de mais alta inteligência,
Ente, que a todos legislar pudesse:
Eis o homem nasce, e…
…O Fator conferiu sublime rosto,
Erguido para o céu lhe deu que olhasse.”
(Ovídio – METAMORFOSES – excertos traduzidos por Bocage)
Por Rita de Cássia Amorim Andrade
Queria esculpir uma estatua que denotasse a perfeição masculina. O tempo
passava, as bonecas de argila depositadas nos tanques de água iam apodrecendo
seus panos.
Uma noite, com os olhos secos, quis um sonho revelador, mas os sonhos só se
manifestariam com o sono. Tentou um sonho acordado. Fechou os olhos e pensou
nos gregos. Em seguida, nos anjos, muitos vieram a terra anunciar gravidezes; a
judia Maria, que concebeu sem pecado; outra, do velho testamento, engravidada
aos noventa anos! Manteve os olhos fechados, pronta para uma gravidez mental.
Um toque na porta. Ovídio! Estivera pensando nos gregos, mas Ovídio era latino!
Clama-lhe ajuda.
Ovídio convoca a deusa Vênus. Esta lhe sussurra um segredo. Ele conduz a
escultora a uma montanha. Ao atingirem o topo o dia já desponta e os primeiros
raios de sol se esparramam pela encosta. Aves de rapina fazem voos rasantes e
fascinam a mulher. O poeta das reflexões psicológicas e emocionais desperta-a
do devaneio. Um filete de água escorre de uma fissura, na rocha. Ele lhe sugere
lavar as mãos ali. A escultora introduz os dedos mais e mais até tocar em uma
massa maleável. A sensação tátil lhe agrada. Retira das profundezas pequenas
porções de barro vermelho. Acaricia a massa e, etapa por etapa, modela uma
imagem. Prossegue até o formato humano.
A cabeça pende para a direita. Cabelos levemente ondeados. Testa lisa. Olhos
parecem ver além do visível. Zigomáticos angulam-lhe a face. Nariz afilado. Boca
carnuda a se oferecer a um ósculo. Pomo-de-adão masculiniza o semblante. O
corpo longilíneo expõe os músculos, do peitoral ao sóleo, em completa harmonia. A
glande peniana repousa sobre dois sacos. Surge o homem ainda sem alma.
Embevecida, com a suprema beleza da estátua, a escultora pede a Ovídio que dê
vida àquele barro. Ovídio, mais uma vez, recorre à Vênus.
A deusa examina a obra. Observa-lhe o olhar, há uma centelha na pupila, um ponto
luzente submerso na concavidade ocular. Alonga a vista ao infinito tubuloso e vê o
tempo se aproximar pela luz da vida. Seria o senhor dos deuses ali se
infiltrando?! Hesita por um instante.
Revolve ao corpo, há uma faculdade de alma, uma sensibilidade erótica
proveniente da imagem. Concorda em dar-lhe vida.
Eis o homem metamorfoseado.
*
1 Comentário para ““A ESCULTORA E O POETA OVÍDIO” – por Rita de Cássia Amorim Andrade (Ritissima-Textos)”
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