SOU APENAS O SILÊNCIO
Por Sonia Sales
Sou apenas o silêncio
um momento de enlevo, de almas
que ainda não existem.
Um gesto, um olhar
a arritmia das ondas batendo na praia.
O fluxo da correnteza
arrastando toalhas e cangas, na melancolia
dos sentimentos.
Meus sonhos, na soca do redemoinho
sem volta, pastiche de mim
imitando a realidade.
Minha ansiedade é o tempo, seu brilho
mortal. Do meu corpo
a carência da minha mente,
o relógio de pulso.
Preciso nadar com as marés
esvaziar a ampulheta,
realizar ao que vim
ter coragem, chegar onde vou.