A MULHER DE 20 ANOS
Por Vanessa Trajano
A mulher de 20 anos
Decide, por ora, encontrar o mundo.
Com sua vontade de sonho
Com seu vigor de glória.
Ela que relutava em pensar
E pensou logo num momento
Em que a estranheza de sua condição
Arrebatou-a num ignoto espanto.
A mulher de 20 anos
Tem certo ar de sobrepujança
E sedenta por alguma coisa inominável
Ela busca. Não sabe que elementos,
Mas busca; até achar-se cheia
De nomes e incrementos
Que dizem respeito apenas
A natureza infame
Das mulheres de 20 anos.
A mulher de 20 anos
Teme perder-se no caminho
Pois a estrada é demasiada longa
E conta com douros pedregulhos,
Além de desvios ociosos,
Becos clariformes
E temerosas tentações.
A mulher de 20 anos
Tem fome de muito
E não há nada de comum
Que a alimente.
Ela deseja, tão despretensiosamente,
Que o resto de sua dignidade arredia
Torne-se uma fértil armadura,
Que proteja sua bagagem de sonhos,
Que enleie sua vontade de glória.
Que, sobretudo, seja fiel ao percurso,
Que não seduz a
Qualquer mulher de 20 anos.
*
Fonte: “Elas entre poemas e prosas Blasfêmeas”, p. 43