MARGEM
Antonio Carlos Secchin
Vou andando para a beira desse porto,
entre cheiros de cigarra e de sardinha
e um desejo líquido de partir.
Meu olhar desliza no horizonte, querendo saber
a que distância um nome deixa de doer.
seu nome, marcado em minha boca
como a polpa de uma pêra .
O navio enorme avisa que vai embora.
Escrevo a palavra salto,
e paro no sal, e não chego ao alto.
A noite está boiando
num óleo grosso de silêncio e luz.
Molho os pés, penso em seu nome: gozo
de um poço tapado. Insônia de musgos
na beira das águas redondas.
Me vejo na ponta do cais,
cacos de luz
abrindo a cara do mar.
Destroços de palavras, pedaços de seu nome,
sílabas que batem contra os cascos.
Estou parado na beira de um porto,
azul e morte no oco do ar.
*
Fonte: antoniomiranda.com.br
1 Comentário para “POEMAS MASCULINOS > “MARGEM” – por Antonio Carlos Secchin (categoria: Outros Autores)”
Poema delicioso!