XADREZ DE ESTRELAS
ou O TABULEIRO DE XADREZ Nº 2
(Composições em preto e branco)
Por Marcus Vinicius Quiroga
Na mesa posta, encontram-se as diversas peças
que se alternam de acordo com o jogo, as regras.
As peças pretas, por exemplo, só se movem
quando é dado um sinal, a senha metafórica.
As brancas, por vez outra, se deixam à espera
como serpentes que, cegas, melhor enxergam.
O jogo é este: o de um salto, mas matemático:
um surpresa certa para o xeque-mate.
Na mesa posta, os lances ainda latentes
fazem no tabuleiro uma dança, um desenho.
Embora haja de um lado só dezesseis peças,
todos os movimentos jamais se repetem.
O jogo se faz único, texto que muda,
reescrito pelas mais diferentes leituras.
Sessenta e quatro casas formam o simbólico
espaço, em que deslizam sentidos imóveis.
Na mesa posta, o jogo se reinicia.
As peças se imaginam, sem dúvida, eternas,
e bocejam diante da quebra da escrita.
Todos os jogadores parecem de pedra.
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Fonte: marcusvquiroga.blogspot.com.br
Marcus Vinicius Quiroga
Poeta e crítico, doutor em Literatura Brasileira, professor de oficina literária e de cursos de poesia