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Multiculturalidade: a contribuição de várias culturas para a formação da língua portuguesa.
Por Maurício Melo Júnior
Não podíamos dar Erasmos, nem Leonardos, nem Luteros, nem Galileus. Mas podíamos dar esforço, energia, heroicidade, ferocidade, curiosidade e obstinação. A hora exigia todas as formas de superação humana. Ao lado do pensamento livre, a arte inconformada; a par da fé discutida, a ciência objetiva. Faltando a qualquer povo a graça desses dons, havia vago ainda o campo vasto da ação, metade do mundo por arrancar das trevas, o Atlântico e o Pacífico inviolados à espera de navegantes. Foi essa verdade que Sagres nos ensinou, imperativamente a apontar o longe… – Miguel Torga, escrito português.
Esta descrição de Sagres, sede mítica da escola náutica que desvendou metade do mundo, feita por Miguel Torga, nos ensina todas as nossas gêneses, e, claro, a formação de nosso idioma. As caravelas não somente carregavam riquezas sólidas – especiaria, ouro, pau-brasil. Na bagagem vinha novos falares e novos termos, índios e africanos a ensinar que o Mundo Novo não se fazia somente daquilo que se arrancava das terras, mas sobretudo do que escorria pelas cabeças humanas – cantos, danças, dores, alegrias, crenças. E esta riqueza maior é que ainda hoje fortalece uma língua que se renova com o nascer do sol que, de fato, nunca se esconde neste mundo português nem encobre este falar de fogo e açúcar.
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Nota: Reprodução Congresso de Escritores UBE – Ribeirão Preto/SP