CARROSSEL LYDELLE NA DINASTIA AVALON – por Por Jamahynna Dyelle (Outros Autores)

Postado por Rita de Cássia ligado set 23, 2012 em Outros Autores | 0 Comentários

CARROSSEL LYDELLE NA DINASTIA AVALON

Por Jamahynna Dyelle

 

 

 

Estrelas cursam o céu violeta enquanto a rosa eclode na margem do abismo da imaginação. Adam, cupido inquieto, lança uma flecha de sensibilidade ao ar de Andrômeda e aspira que, a essência que dela exalar, abranda os corações desamparados vagantes pela cripta do orbe sem pensar.

Prosseguiu com mitos de origens em endemia avassaladora. “Nebulosos andarilhos do espaço, a criação brotou. O sol e a lua fizeram amor e originaram a Terra. Aurora boreal, retalhos cósmicos, Júpiter imponente, Vênus envolvente e Urano beleza azul. Eis o anagrama deslumbrante e infinito na coreografia do universo. Efêmera Via Láctea, buracos negros, caça-níqueis do tempo, anéis de Saturno, erupções de Marte e mãe gravidade. Nuvens que marcham pelo ar. Brisa que oscula o rosto. Somos poeira das estrelas, amor e ódio, luz e trevas. Mapas do oceano. Mutantes em progressão. A música é a voz da natureza. Diante da imensidão, a divindade, unicamente ela, alento que flui, designou aos mortais para habitarem e se amarem por toda ultravida.”

Cheiro de jasmim alastrava do pensamento. O doce vampiro ocultava-se aveludado de pálidas feições a encobrir seus mistérios. Velas na minha cabeceira. Um romance a folhear. Anjos de porcelana. Abajur de conchas do mar. Ele permanecia. Seu olhar imprimia a ausência do amor maior, mas o seu cantar compensava as dores que sentia.

“Anã flor do campo. Adormece para os querubins visitar. Salta em águas turvas. Imersa, para que encontre a alameda de volta ao lar. Sou um contorno da noite com ímpeto animalesco, mas em ti deparei a bonança dos meus pesadelos. Fada minha, derivaste da morada dos elfos, dos seres encantados, para conceder-me o antídoto na cura do meu desespero de ser eternal. Sou uma casca esculpida pelo tempo proibido. Quero repousar!”, segredou ofegante.

Sinos badalavam na minha consciência em um plano intercessor, como dedos deslizantes em cítaras indianas abençoadas. Mas ainda ouvia aquele rumor escoltado de lamúrias ardentes a percorrer sua face. Sabia que esse mundo abrigava múltiplas criaturas. Ele apenas me datilografava isso.

“Dilacerado em infinitas partículas, articulo minhas preces góticas para abrandar o mormaço. A escuridão plantou uma semente sombria nos canteiros do meu espectro. Percorri os mais mórbidos pântanos do isolamento. Degustei as mais viçosas hemácias. Abri feridas que não sanam. Na berlinda dos tormentos ecoantes, as relvas do meu imo caem como um luminoso adorno de pérolas negras a se fragmentarem. Uma por uma desmoronando e levando consigo a gravitação residente em mim”. O vampiro silenciou.

Selada em narcótico campestre eu estava. Ele cobiçava naufragar-me por instantes em sua façanha erótica infernal. Imaculado ardor violava as tumbas dos meus bosques profanos até então castos. Rubras lâminas desbravavam brumas do meu santuário angélico embebido em névoas líricas legítimas. Súplicas soturnas alastravam-se de seus músculos rumo ao cemitério de sensações reservado a mim. Sonâmbulos murmúrios atenuavam entre os estágios do meu sono e a presença do transilvânico morcego.

Ânforas jorravam seus galanteios que me fitavam como pêndulo. “Cumpri-se a profecia. A bela e a fera, em anatomia oblíqua estigmata. Bipolares silvestres são as minhas intenções. Amantíssima, tu preservarás incógnitas para burlares a metafísica adulterada pelos corruptos vícios devotos milenares se em teu ventre consentires minha descendência. O bem batizarás o mal e todos os infortúnios se desmancharão. Teus passos magistrais tornarão bíblicos os desafortunados. Teu alento outonal dourará magnetos microrganismos. Lydelle, Abraça-me! Sente meu beijo morno pedir-te espelhos em serenata”.

Entrelaçada em sonetos valentinos de uma estradivarius barroca incorporei premonições entoadas por trombetas cortesãs. Acordaram-me os querubins do andor sagrado da sedução a abocanhar-me como a serpente que amaldiçoou Adão e Eva. Destinaram-me mandatos bordados em poesia para salvar o doce vampiro de sua agonia. Mas ele aquecia-se como competidor de corrida em largada ao pódio. O intrigante era que em sua clemência eu sentia pingos de arrependimento verídicos e berro por absolvição.

Caninos apertavam os beiços veludíneos na sua gangorra salivar. “Faminto de suas células íntegras disparo sargitárius desígnios, Senhorita. Nos remendos deste luar sondo fios de tuas madeixas em penteado. Desejo soltar suas presilhas. Louvo tua pele alva leitosa. Amordaço-me diante dos favos de mel dos lábios teus, do espartilho que bamboleia tua cintura, e do chafariz minguante do teu riso. Os porões do meu calabouço bradam por tuas tochas. Aspecto juvenil oculta meu falecimento, por isso clamo-te. Coroa-me a fronte. Permita-me apertar o gatilho saudoso e resumir-me em lascas de transgressão nos portais impetuosos da fotossíntese temporal. Se tu fores minha prole, irei hilariante na diplomacia dos teus traços. Jurássicos são os mandamentos que me servem. Aglomeradas estão vontades a se curvarem perante tua compleição. Anistias aos meus defeitos. Agonizo. Tenho fome!”.

A criatura de afetuoso revelou-se em metamorfo aglutinando suas pretensões. Veio em direção apocalipse ao meu corpo na velocidade da voz. Entretanto, em um minúsculo intervalo, o tempo descontinuou de contar e tudo permaneceu estático. Um feixe de claridade chegou a milímetros de mim e notei a presença de um campo magnético a me agasalhar. Sussurrou um vozear. “Abrace-o. Abraçe-o, Lydelle”. Obedeci sem cogitar. Abracei-o com a força de um redemoinho chegando a estalar toda sua ossada. O tempo retornou logo após. Um plasma saiu de sua boca em negrume de luz. Senti como se houvesse exorcizado um demônio de seu corpo. Seu rugido era de êxtase.

No festim dimensional da legião célica, ambos os dialetos fundiram-se em rouxinol crescente. Abrasadora agulha de prata costurou nossas colinas em tato e remediou-nos cáustica impressão fraternal. Volvidos em lãs tecidas no ateliê, imperatriz arca de regeneração, fomos lançados ao nivelar fadário. Alucinadamente suas vestes viraram pó. Arremessada contra a parede pela força asilada que nos envolvia, minhas íris avistaram o milagre acontecer. Duplas asas prateadas incomensuráveis brotaram de suas costas. As penugens eram de anjos. Sim, eram. Ele alongava-se como um cisne no lago do amor. Abarrotado de felicitações, namorava suas penas prematuras. Ganhara uma auréola. Narciso adjetivava seu momento. Acenou-me com um lindo riso e pôs-se em posição de embarque. Sua liberdade o titulava pela minha janela. Partiu no blecaute da abóbada celeste. Desmaiei de emoção.

Vocábulos solares balbuciaram ao abrir dos cílios no nascer do sol. Eis que minha alcova alinhou-se em biblioteca Nostradamus. Enciclopédias abriram suas páginas e atearam-me sílabas flutuantes. Terno espreguiçar levou meus braços às alturas em sincronia de cristais enquanto meu umbigo em flor ramificou-se como árias de piano. Levantei-me e senti a superfície pelos pés descalços. Eu estava em meio a penas prateadas testemunhas do renascimento do doce vampiro. Eclipses de sonolência debruçaram-me em satélites acolchoados pelo verdor de ervas. Desci os degraus de cedro que levavam ao jardim. Amplificadores do empíreo sofisticaram-me a manhã em verbo afortunado. Ninei-me na cadeira de balanço da paternidade aos silvos de gaivotas. O décimo capítulo do meu romance de cabeceira estava a convocar-me de saudades.

 

 

 

 

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