O BATALHÃO DAS LETRAS – por Mário Quintana (Outros Autores)

Postado por Rita de Cássia ligado out 15, 2012 em Outros Autores | 0 Comentários

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O BATALHÃO DAS LETRAS

Por Mário Quintana

Aqui vão todas as letras,

Desde o A até o Z,

Pra você fazer com elas

O que esperam de você…

Aí vem o Batalhão das Letras

E, na frente, a comandá-lo,

O A, de pernas abertas,

Montado no seu cavalo.

Com um B se escreve BALÃO,

Com um B se escreve BEBÊ,

Com um B os menininhos

Jogam BOLA e BILBOQUÊ.

Com C se escreve CACHORRO,

Confidente das CRIANÇAS

E que sabe seus amores,

Suas queixas e esperanças…

Com um D se escreve DEDO,

Que poderá ser mau ou sábio,

Desde o dedo acusador

Ao D do dedo no lábio…

O E da nossa ESPERANÇA

Que é também o nosso ESCUDO

É o mesmo E das ESCOLAS

Onde se aprende de tudo.

Com F se escreve FUGA,

FRADES, FLORES e FORMIGAS

E as crianças malcriadas

Com F é que fazem FIGAS.

O G é letra importante,

Como assim logo se vê:

Com um G se escreve GLOBO

E o globo GIRA com G.

Com H se escreve HOJE

Mas “ontem” não tem H…

Pois o que importa na vida

É o dia que virá!

O I é a letra do ÍNDIO,

Que alguns julgam ILETRADO…

Mas o índio é mais sabido

Que muito doutor formado!

Com J se escreve JULIETA,

Com J se escreve JOSÉ:

Um joga na borboleta,

O outro no jacaré.

O K parece uma letra

Que sozinha vai andando,

Lembra estradas, andarilhos

E passarinhos em bando…

O L lembra o doce LAR,

Lembra um casal à LAREIRA!

O L lembra LAZER

Da doce vida solteira…

Com M se escreve MÃO.

E agora vê que engraçado:

Na palma da tua mão

Tens um M desenhado!

N é a letra dos teimosos,

Da gente sem coração:

Com N se escreve – NUNCA!

Com N se escreve – NÃO!

Outras letras dizem tudo.

Mas o O nos desconcerta.

Parece meio abobalhado:

Sempre está de boca aberta…

Quem diz que ama a POESIA

E não a sabe fazer

É apenas um POETA inédito

Que se esqueceu de escrever…

Esse Q das QUEIJADINHAS,

Dos bons QUITUTES de QUIABO

Era um O tão mentiroso

Que um dia criou rabo!

Os RATOS morrem de RISO

Ao roer o queijo prato.

Mas para que tanto riso?

Quem ri por último é o gato.

Acheguem-se com cuidado,

De olho aceso, minha gente:

O S tem forma de cobra,

Com ele se escreve SERPENTE.

É o T das TRANÇAS compridas,

Boas da gente puxar;

Jeito bom de namorar

As menininhas queridas…

O U é a letra do luto!

O U do URUBU pousado

Nas negras noites sem lua

Num palanque do banhado…

Este V é o V de VIAGEM

E do VENTO vagabundo

Que sem pagar a passagem

Corre todo o vasto mundo.

Era uma vez um M poeta

Que um dia, em busca de uma rima,

Caiu de pernas pra cima

E virou um belo dábliu!

Coisa assim nunca se viu,

Mas é a história verdadeira

De como o dábliu surgiu…

Com um X se escreve XÍCARA,

Com X se escreve XIXI.

Não faças xixi na xícara…

O que irão dizer de ti?!

Ypsilon – letra dos diabos,

Que engasga o mais sabichão!

Por isso o povo e as crianças

A chamam de “pissilão”…

O Z é a letra de ZEBRA,

E letras das mais infames.

Com um Z os menininhos

Levam ZERO nos exames.

E todas as vinte e seis letras

Que aprendeste num segundo

São vinte e seis estrelinhas

Brilhando no céu do mundo!

(Poema publicado originalmente no livro Poemas para Infância, retirado de Poesia Completa – Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p. 919 por mim mesmo em 14/10/2012)

Fonte: enviado por e-mail por Fábio Rocha – Magia da Poesia

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