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ODE A AFRODITE
Safo
“Imortal Afrodite, de bem talhado trono,
filha de Deus, tecedora de intrigas,
rogo-te: não subjugues com dores e culpas,
Deusa, a minh’ alma!
Mas vem a mim! pois nem outrora, quando
ao longe, os meus clamores escutando,
quizeste, de teu pai, deixar a casa
em tua áurea carruagem.
Os belos e mui velozes pardais
conduzem-te por densas vastidões,
em meio ao firmamento, de infi-
nito éter.
Logo chegando. E oh, tu, a mais feliz,
sorrindo em tuas faces sempiternas,
perguntas-me agora o que sinto,
e porque agora o meu apelo,
E o que mais quer o meu coração
aflito ver. Qual queres que, das belas,
ao temível amor convença, oh Safo,
qual que te rejeita e injuria?
Pois que se foge, te tão logo segue,
e se presentes recusa, logo os dará,
e se ainda não ama, em breve amará,
ainda que o negue.
Agora vem! De dor e anseios livra-me
e o quanto a alma, a completude anseia
há tanto, dê-lho, e sê, de mim,
amiga enfim.”
(Safo)
Tradução de Josaphat Neto.
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Fonte: jonatasneto:
Safo nasceu em Mitilene, na ilha de Lesbos, no final do século VII a.C., numa família aristocrática. Em 593 a.C., o tirano Melancro exilou os seus pais e ela teve de viver um tempo na Sicília.
Quando retornou, já sob o governo de Pítaco, abriu um thíasos, uma confraria para preparar moças nobres para o casamento: lá estudavam música, liam poesia e aprendiam a dançar. Tudo isso sob a proteção de Afrodite (Vênus) e das musas.
Safo escreveu odes, hinos e epitalâmios (cantos nupciais); neles, ela celebra o amor, a beleza, a graça feminina e expressa afeto por suas alunas*.
Infelizmente, dessa grande poetisa (que Platão chamou de “décima Musa”), chegaram até nós apenas 650 versos (fragmentos de poesias diversas) e um único poema integral, a Ode a Afrodite.
Na Antigüidade, Safo influenciou Horácio e Catulo, que traduziram e imitaram os seus textos e, em época contemporânea, os italianos Ugo Foscolo (1778-1827) e Giacomo Leopardi (1798-1837).