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A ESPADA E A PAREDE
Por Edvaldo Rosa
Só sei ser espada,
E não parede!
Um peixe que procura a rede,
Em busca de consumação!
Meu instinto insiste,
Em transpassar…
Procurar,
Encontrar,
Fazer valer-se!
Teso e rijo,
Me regozinho em penetrar,
Vibrar as forças que trago comigo…
É um pouco morrer ao matar!
Só sei ser espada,
Que abre caminhos entre caminhos,
Como um pássaro a procura de seu ninho,
Andarilhos e estradas…
Cumprindo assim, nossos desinos:
O penentrar e o conter
Vai plantando sementes,
Definindo a maneira de nosso ser
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Marcas no CORAÇÃO > página 9.
Nota:
Por Rita de Cássia Amorim Andrade: Eis um texto poético, que vem de encontro às ardilezas do macho, no seu processo falocêntrico: só sei ser espada – metáfora comum nos dias de hoje, mas que ainda carrega certo valor expressivo, acentuado pelo contraste: e não parede, esta lhe deteria, perante o objeto do desejo. Mas, em seguida: um peixe que procura a rede,/em busca de consumação. Isto me vem à mente Eros e Tanatos! Um peixe procura a morte! Se cai na rede, é morte certa. O sexo é vida e é morte – não morremos um pouco a cada orgasmo? Ainda o peixe, o peixe de sangue frio, esparramando esperma sobre óvulos, consumação do desejo! Teso e rijo - à procura de um rego fêmeo, na concrescência da vibração - Como um pássaro a procura de seu ninho.
Encerra, simbolizando o poder de gerar a própria natureza: Vai plantando sementes – logos spermaticos - Definindo a maneira de nosso ser.