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Poema de Carlos Drummond de Andrade
para Hilda Hilst
Abro a folha da manhã
Por entre espécies grã-finas
Emerge de musselinas
Hilda, estrela Aldebarã.
Tanto vestido enfeitado
Cobre e recobre de vez
Sua preclara nudez
Me sinto mui perturbado.
Hilda girando boates
Hilda fazendo chacrinha
Hilda dos outros, não minha
Coração que tanto bates.
Mas chega o Natal
e chama a ordem Hilda.
Não vez que nesses teus giroflês
Esqueces quem tanto te ama?
Então Hilda, que é sab(ilda)
Manda sua arma secreta:
um beijo em morse ao poeta.
Mas não me tapeias, Hilda.
Esclareçamos o assunto.
Nada de beijo postal
No Distrito Federal
o beijo é na boca e junto.
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De Hilda Hilst para Carlos Drummond de Andrade
Quarta-feira, Janeiro 04, 2006
Trovas de muito amor para um amado senhor
I
Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso caminho.
II
Dizeis que tenho vaidades.
E que no vosso entender
Mulheres de pouca idade
Que não se queiram perder
É preciso que não tenham
Tantas e tais veleidades.
Senhor, se a mim me acrescento
Flores e renda, cetins,
Se solto o cabelo ao vento
É bem por vós, não por mim.
Tenho dois olhos contentes
E a boca fresca e rosada.
E a vaidade só consente
Vaidades, se desejada.
E além de vós
Não desejo nada.
Hilda Hilst
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4 Comentários para “Poema de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE para HILDA HILST e resposta desta (Outros Autores)”
que lindos!
extraordinários
que lindos!
Excelente. Grande documentário da literatura brasileira.
UAU!!!!!!!